Universidade do Agro recebe estação meteorológica de empresa inglesa

A Universidade do Agro deu mais um passo rumo à inovação tecnológica no campo. Na última sexta-feira, 01, representantes da empresa inglesa Wyld Networks estiveram na instituição para formalizar a doação de uma estação meteorológica que será instalada na Cidade do Agro. O equipamento, de alta precisão e baixo custo operacional, permitirá o monitoramento de variáveis climáticas essenciais para o desenvolvimento de pesquisas agrícolas, especialmente em áreas com baixa conectividade — realidade comum em grande parte do Brasil.
“A estação vai permitir o controle de variáveis ambientais como temperatura, direção e intensidade do vento e umidade. Isso é essencial para que, ao realizarem seus experimentos, as empresas tenham precisão sobre as condições climáticas no momento da aplicação. Esses dados contribuem diretamente para a confiabilidade das pesquisas e para a atuação da equipe responsável pelo controle ambiental”, explica o CEO da RV Agroambiental, José Afonso Jr.
Segundo José Afonso, o diferencial da proposta está na inovação por trás do sistema de telecomunicação utilizado. Inspirado no modelo da Starlink, o sistema permite conexão em áreas remotas com um custo extremamente acessível — cerca de R$ 400 por ano. O equipamento utiliza constelações de satélites para transmitir pacotes de dados sempre que um satélite passa na órbita próxima. “O grande diferencial não é a estação meteorológica em si, mas o modem satelital de baixíssimo custo. É como um ‘Fusquinha’ da tecnologia: simples, mas confiável, funciona em qualquer lugar e qualquer pessoa consegue operá-lo. Ele pode ser integrado a sistemas de irrigação, sensores industriais e monitoramento de tanques de combustíveis, por exemplo, em usinas de cana. A instalação é autossuficiente, com placa solar e sensores específicos conforme a necessidade”, detalha.
A solução tecnológica está em fase de finalização do front-end, com acesso via aplicativo. Já existem parcerias em desenvolvimento com empresas que atuam com irrigação por pivô, além de experiências internacionais em países da África, Peru e nos Estados Unidos, com projetos voltados à gestão hídrica e sanitária. “Nós, da Wyld Networks, estamos trazendo comunicação via satélite para áreas remotas do mundo, onde setores como a agricultura precisam de conectividade. Desenvolvemos diversos terminais e sistemas de comunicação via satélite que nos permitem transmitir dados de sensores remotos para plataformas inteligentes. Isso permitirá uma eficiência muito maior em setores como o agro, possibilitando maior conservação da água, melhor uso de insumos como pesticidas e aumento da produtividade das lavouras. Estamos convencidos de que a tecnologia de comunicação via satélite pode desempenhar um papel fundamental na implementação de sistemas de informação que viabilizem essas melhorias. Estamos muito felizes em fazer parte disso e em contribuir para que isso aconteça no Brasil, trabalhando com a agricultura brasileira para o futuro”, avalia o vice-presidente de projetos da Wyld Networks, Sean David.
O engenheiro de campo da Wyld Networks, William Sean, explica como funciona a estação meteorológica Seed. “Podemos usar qualquer tipo de sensor, que integramos ao nosso kit. Essa integração é feita por nós. Temos uma sensor que geralmente é único, mas qualquer sensor pode ser utilizado. Para montar esta estação, usamos esse suporte de fixação, que é preso a um mastro ou a um poste, com orientação para a captação solar. Ele deve ser voltado para o norte, para captarmos o máximo de luz solar possível e garantir que a bateria esteja sempre carregada ao máximo. Para configurar, informamos à unidade algumas coisas simples: que tipo de sensor está sendo usado, que tipo de dado precisa ser reportado. Quando o satélite passa, ele capta as informações e as envia. Não é necessário saber a localização exata da estação. Ela só precisa ter uma visão aberta do céu, e assim o satélite automaticamente se conecta a ela”, explica.

Para o diretor da Universidade do Agro, Flávio Sartori, a chegada da estação meteorológica representa um avanço significativo, especialmente por potencializar a conexão entre o modelo acadêmico e as demandas do mercado. “A Cidade do Agro vai contemplar praticamente todos os segmentos da agricultura e também da pecuária. Já temos empresas em fase de pesquisa com algodão, feijão, mandioca, manivas, laranja e café. A instalação da estação permitirá o compartilhamento de dados importantes para essas empresas. Além disso, há um processo de retroalimentação entre academia e setor produtivo: as empresas colaboram com o currículo e a formação de mão de obra qualificada, enquanto a universidade contribui com inovação, qualificação e pesquisa”, finaliza.